Por Joe Cruz
Vamos falar (escrever)
sobre sexo...
Esse é um bom tema para se falar, não de pensar (ainda
não sei se é também bom de se escrever. Isso vamos descobrir já, já!). Se bem
que para se escrever sobre alguma coisa, tem que se pensar sobre ela. Mas,
definitivamente, sobre sexo é melhor falar do que pensar (provavelmente você
agora deve estar pensando que melhor do que falar, pensar ou escrever, o bom
mesmo é fazer. O que eu jamais descordaria.), porém neste momento não há esta
opção. Por tanto vamos tentar fazer diferente aqui. Um texto em prosa prazerosa talvez. E neste caso, o
cuidado com as preliminares é fundamental. Porque é a partir dela que a coisa
vai ganhar a forma que lhe é própria e nos revelará a intensidade dessa nossa
mini relação. Se será curta ou longa não é tão importante, desde que seja
prazerosa para nós dois, digo entre mim que escrevo e você que lê.
Uma importante condição, antes de qualquer outra (e sem
dúvidas, a principal) é que estejamos a
fim de continuar, isto é, eu de escrever e você de ler. Do contrário é
possível que nos decepcionemos no final ou, pior, nos arrependamos. E vamos
perder tempo depois procurando motivos para justificar a nossa falta de prazer.
Outra condição (que não precisa ser uma regra) é que não tenhamos pressa. O que você vai fazer depois de sair correndo daqui?
Outra condição (que não precisa ser uma regra) é que não tenhamos pressa. O que você vai fazer depois de sair correndo daqui?
Você deve saber que, salvo algumas exceções provocadas por
específicas situações, o prazer é melhor sentido sem pressa... Esse lance das rapidinhas só vale a pena quando oferecem a mesma intensidade de um
haicai (aqueles poeminhas curtinhos,
porém tão bem pensados que tem a força de um livro inteiro). Se não for como haicais, o prazer apressado é só um
prazerzinho rápido pra gente lembrar que existe alguma graça em poder senti-lo.
Também não é bom que criemos muitas expectativas aqui. Se
eu (escrevendo) ficar o tempo inteiro pensando no que você (lendo) está
pensando, corro o risco de me prender ao que penso que você espera de mim, e
dessa maneira posso não ficar a vontade para
lhe oferecer o que realmente sou. E assim você terá de mim apenas uma versão
que pretende atender seja lá o que estiver esperando. Se isso já parece confuso
em pensamento, imagina em ato.
Então deixemos de lado também esse negócio de performance
extravagantes para impressionar. Serei o que sou, você o que é e no final
saberemos o que somos um para o outro.
As ligações possíveis entre escrever e transar podem ir
muito além do que as que foram estimuladas aqui. E obviamente existem várias
outros exemplos que possibilitam a comparação com a prática sexual. Sabemos
disso porque muita gente não hesita em usá-las sempre que uma mínima
oportunidade lhes bate à porta. Alguns duplos sentidos e trocadilhos chegam a
ser irritantes.
Você deve conhecer alguns e talvez até tenha se valido de
um ou outro quando quis se referir ao sexo. Se você não usa, conhece alguém que
curte um trocadilho meio safado às vezes. É normal. Eu, particularmente, só não
uso porque acho de mal gosto... Mas não faço nenhum julgamento moral de quem
gosta. Não vejo como uma questão de caráter, fico mais do lado de que isso tem
mais a ver com uma dificuldade herdada das gerações anteriores por não ter
conseguido lidar com a coisa naturalmente no âmbito social.
Outro dia, tive que parar por alguns minutos para poder
entender o que um colega de escritório quis dizer com a expressão “acho que ela dormiu de calça jeans
ontem...” referindo-se a uma moça que estava num mal humor dos diabos logo
pela manhã. Se você, assim como eu, não sacou logo de cara, a expressão quer
dizer que o mal humor dela se devia ao fato de ela não ter transado na noite
anterior. E logo, sexo e bom humor,
aparentemente estão ligados! Será?!
Provavelmente essa é só mais uma das coisas que a gente fala e repete sobre
sexo que acabam se tornando verdade, lei... Mal gosto mesmo.
Sem contar as piadinhas (geralmente sem graça) que
alguns caras gostam de soltar para tentar
acessar o interesse sexual da outra
parte. Algumas meninas também curtem uma ou outra piadinha de teor picante para
se aproximar da intenção da outra parte, mas em número muito inferior ao dos
caras.
Estou me referindo aqui ao universo menino e menina porque é o que comumente vemos por aí, mas é
provável que o fenômeno acontece com menino e menino, menina e menina de forma
parecida.
Sem dúvidas estamos pagando um valor considerável de uma conta deixada por nossos avós e dos avós antes deles. E é certo que também
deixaremos boa parte dela ainda para nossos netos. Isso se já não estivermos
criando uma outra ainda maior e mais complicada de quitar.
Apesar de dividirmos a mesma conta com os safadinhos dos
anos dourados, existe uma importante diferença a ser destacada aqui que é: eles
talvez não soubessem que estavam aumentando e deixando de herança uma conta que eles também herdaram.
O assunto era realmente um grande tabu. E não é que se
falava mal (como nós), é que não se falava nada mesmo. Sexo era assunto para
especialistas ou para se falar em tom de quem cometeu um crime ou está prestes
a cometer um.
Se ainda hoje olhamos meio desconfiados para quem se
dispõe a essa façanha, tenta imaginar o que era tagarelar sobre sexo há, sei lá, 60 anos!
Freud e sua turma de intelectuais, médicos e
psicanalistas certamente desconfiavam que aquela repressão toda, cultivada por tanto tempo, iria trazer graves
problemas para serem resolvido mais tarde (esse “mais tarde” ainda não chegou e, ao que parece, está bem longe de
chegar). Mas Freud e seus amigos era pouca gente perto da galera transante da época. Portanto, conversar
sobre o tema se restringia a estudiosos muito interessados na teoria da coisa
ou a uma parcela muito pequena de desbocados, o que não significa que tinham
qualquer dificuldade em praticar o
assunto não falado.
A população só aumentou de lá pra cá e, naturalmente,
através do meio mais comum de reprodução humana, o sexo. E isso também quer
dizer que não falar muito sobre sexo, não atrapalhava em nada em praticá-lo bem e muito, ou mal e
muito...Mas muito com certeza.
Teoria e prática se separam estruturalmente quando o
assunto é sexo. E ainda hoje continua sendo assim... (desconfio que quem curte
teorizar muito o sexo, tem alguma dificuldade em praticá-lo, justamente por estar
sempre tentando enquadrar preceitos teóricos ao ato).
Não se preocupe. Não vamos nos aprofundar em Freud e suas
ideias de repressão sexual, nem vamos mais falar sobre o sexo dos nossos avós,
nem de contas a pagar. São assuntos de fato broxantes... E a última coisa que
queremos aqui é nos desestimular. Só foi uma breve pincelada num contexto
importante para prosseguirmos com essa transa.
Não tem jeito, o sexo sempre estará no topo dos
interesses. Independentemente de qualquer outro interesse que você tenha:
dinheiro, profissão, religião, time de futebol... qualquer outro. A não ser que
você faça parte de alguma fatia da sociedade que tenha a castidade como
prioridade, tipo um padre ou uma freira (e mesmo assim ainda tenho dúvidas
quanto ao interesse deles). Ou caso você seja uma dessas pessoas assexuadas, tenha algum problema com
hormônios, sei lá! Do contrário, o
sexo grita aí dentro de você tão alto quanto a fome ou a sede. Ele domina sua
mente e consome boa parte do que você pensa. Tudo bem, pode negar agora, mas
sugiro que passe a reparar melhor...
De certo que existe um esforço (ainda bem para alguns) em
tentar disfarçar esse impulso. Mas naturalmente ele sai pelos poros se formos
motivados e estimulados a explorá-lo. E claro, essa vontade parece estar sempre em alerta para o menor sinal da possibilidade
de exploração. Talvez por isso tantas tentativas insistentes de acessar o
assunto através de senhas, sinais, códigos, qualquer coisa que dê abertura, ou
melhor, entrada para esse mundo encantado do sexo.
Explorar o sexo equivale a tentar explorar a si mesmo, no
sentido de descobrir ferramentas no próprio corpo (e mente), aprender o que
elas são capazes de oferecer para desenvolver os mecanismos para a realização do
próprio prazer e, assim fornecer prazeres a outro corpo também. É no outro corpo
onde se valida a qualidade dessas descobertas. Dar e receber... (ou pelo menos
é assim que deveria ser!). Desprovido da intenção dessa troca, o sexo não é
transa, é masturbação ou coisa do tipo.
É... No geral é isso mesmo, corpos que se enlaçam
buscando em si e no outro uma fonte eficiente de prazeres.
O corpo é onde mora o sexo e torná-lo atraente para o
desejo natural de outro corpo é uma das principais motivações diárias pra muita
gente, objetivo sério.
Não é à toa que as academias ficam lotadas em certos
períodos do ano (pouco antes do verão).
Tudo bem que para um ou outro tem o
lance da preocupação com a saúde etc e tal, mas particularmente acredito que o
que leva mesmo a (grande) maioria das pessoas à academia é a vontade de tornar
o corpo mais atraente.
Certamente terão aqueles que vão dizer que admirar o próprio corpo e pretender que
ele seja admirado é fundamental para a auto estima coisa e tal, até porque está super na moda esse lance de que “você tem que amar a si mesmo”! “Se amar
mais”, “se amar primeiro”... Essas coisas aí que você já deve ter ouvido (lido,
assistido, visto) também.
Não gostar de si
(da própria imagem, melhor dizendo) é um pecado horrível para a atualidade. Não
importa se você se acha baixo ou alto demais, preto ou branco demais... O
importante é que você goste de si do jeitinho que é e consiga transmitir esse
sentimento ao mundo de algum jeito.
Para o bem dessa nossa relação, não vamos entrar aqui no
mérito do “amor próprio” em detrimento
da vaidade excessiva, embora ela seja de particular relevância para um assunto
como esse que nos propomos aqui. Porém entrar nessa questão certamente nos
levaria a trilhar um caminho que talvez nos deslocasse demais... Sendo assim,
melhor não arriscar.
Realmente aqui não dá para generalizar. Pessoas
diferentes tem maneiras diferentes de tentar parecer atraentes, mas não se pode
negar que é através do cuidado com a forma física que isso se torna mais
evidente. E, novamente, não inclino aqui nenhum julgamento moral. Não mesmo. E
neste caso até acho de bom gosto. Se não fosse tímido e um tanto desajeitado,
me enfiaria também numa academia lotada e só sairia de lá quando me sentisse
suficientemente atraente!
O mal gosto não está em cuidar das formas para sentir-se bem
com a própria imagem e poder desfilar por aí satisfeito (a) com os olhares
atraídos. O problema começa quando as demonstrações narcísicas ultrapassam a
linha explícita do acesso ao outro e invade o território da inconveniência.
Poucas situações são mais chatas que as de uma pessoa que
se ama demais pretendendo que você a idolatre... É! Porque aí começa aquele
negócio de falar de si o tempo todo como se não houvesse mais nada no mundo. E
vem aquele negócio também de achar que a conquista é somente uma questão de
tempo (e jeito) porque não há humano vivo capaz de negar um corpo perfeito
dando sinais de que é com você que ele pretende gastar um tempo deitado
(sentado, em pé...). A auto apreciação constante daqueles que se dispõe a usar
o corpo como arma de sedução, pode levar o jogo da conquista aos limites do
cansaço psicológico (chatice mesmo).
Se essa insistência já é um porre quando praticada por
homens, no caso das mulheres beira o deprimente.
Seduzir é de fato uma arte. E ela geralmente vem muito bem
acompanhada por uma naturalidade muito comum em pessoas que possuem já em sua
personalidade um toque essencial de autenticidade. A beleza física não é mais
que o impulso fundamental para o que segue nessa deliciosa partida a dois (a
três, quatro...). As regras desse jogo são implícitas, estão sempre naquilo que
não é dito. Nesse processo, dificilmente as intenções se anunciam
explicitamente, no entanto elas se revelam em cada mínimo gesto.
A clássica jogada de cabelos seguida por uma leve inclinada de pescoço para o lado que algumas mulheres costumam fazer quase que inconscientemente nessas situações, ou a cruzada de pernas no estilo Sharon Stone no filme “Invasão de privacidade” de 1993, ou o tom das vozes meio lento seguido por olhares um tanto inebriados pela iminência de algum toque, mínimo que seja. Tudo isso faz parte do jogo. As permissões vão se abrindo conforme o jogo vai ganhando consentimento, como portas que vão se abrindo a cada nova senha descoberta. As gargalhas forçadas vão se tornando risos contidos e mais sinceros, o gelo inicial vai se derretendo lentamente, escorrendo pelos lábios, misturando-se à saliva e se transformando em palavras aquecidas; a interpretação dos entraves: o não que é sim, mas pode ser não mesmo (dependendo de como você entender). O talvez que pode ser sim, mas tem cara de não. O sim que é sim só até certo tempo, depois vira um talvez e por fim é não mesmo. O não que tem que ser sim naquele minuto senão pode virar um talvez que vai voltar a ser não... Enfim. Um jogo!
A clássica jogada de cabelos seguida por uma leve inclinada de pescoço para o lado que algumas mulheres costumam fazer quase que inconscientemente nessas situações, ou a cruzada de pernas no estilo Sharon Stone no filme “Invasão de privacidade” de 1993, ou o tom das vozes meio lento seguido por olhares um tanto inebriados pela iminência de algum toque, mínimo que seja. Tudo isso faz parte do jogo. As permissões vão se abrindo conforme o jogo vai ganhando consentimento, como portas que vão se abrindo a cada nova senha descoberta. As gargalhas forçadas vão se tornando risos contidos e mais sinceros, o gelo inicial vai se derretendo lentamente, escorrendo pelos lábios, misturando-se à saliva e se transformando em palavras aquecidas; a interpretação dos entraves: o não que é sim, mas pode ser não mesmo (dependendo de como você entender). O talvez que pode ser sim, mas tem cara de não. O sim que é sim só até certo tempo, depois vira um talvez e por fim é não mesmo. O não que tem que ser sim naquele minuto senão pode virar um talvez que vai voltar a ser não... Enfim. Um jogo!
Em geral, os caras têm muita dificuldade no desenrolar
desses entraves e correm o risco de colocar tudo a perder, alguns simplesmente
não sacam quando o não é não mesmo. E
outros incrivelmente passam batido pelo sim...
Algumas meninas também dão tropeçadas parecidas, mas em geral elas tem mais
astúcia para lidar e sair desse tipo de situação.
Infelizmente alguns caras ainda entendem a coisa toda
como uma espécie de jogos de baralho (sem
cartas) onde acreditam que o outro jogador (no caso, a jogadora) está
sempre blefando, no estilo: “ela quer,
mas ainda está tímida”. Ou “ela quer
muito, mas ainda não sabe”. Ou ainda pior, “ela está se fazendo de difícil”...
Ainda pode piorar muito para as meninas quando caras
confundem simpatia com atração. Aí a coisa pode se complicar no nível hard,
porque, sabe-se lá como, existe neles uma tecla automática que é capaz de traduzir um “foi muito legal conversar com você”... para “eu quero muito, muito, muito mesmo transar com você”!
Tá, tudo bem... Concordo que fui agora clichê demais...
Apesar de tudo isso, se as partes sobreviverem a
esses pequenos obstáculos (falsos sinais, sinais mal interpretados, entraves,
confusões de intenções, inconveniências...) é muito provável que a coisa evolua
positivamente. (Na sua ou na minha casa?).
Tudo agora é uma questão de uma melhor compreensão dos
desejos para a evolução dos sentimentos.
É de bom tom notar aqui que um corpo atraente não
necessariamente vem acompanhado por um rosto bonito. E vice-versa. A beleza é
de fato um conjunto de qualidades. Você já deve ter tido alguma experiência com
isso: pessoa bonita, traços, formas... tudo. Porém não é necessário mais que
dez minutos de conversa para que aquele prazer visual se torne num desarmonioso
e pedante momento. O contrário também é válido, ou seja, uma pessoa nada ou
pouco atraente, pode ser capaz de oferecer horas de um contato extremamente
rico e prazeroso. Isso quer dizer que, indiretamente, pessoas pouco atraentes
fisicamente (feias) tem as mesmas oportunidades de sucesso no jogo da sedução. Só que não!
Apesar de coerente, não devemos nos prender muito em
hipocrisias desse tipo. Geralmente pessoas escolhem seus parceiros sexuais pela
beleza física. Ponto. O que vem depois são esforços para manter a potência do
impulso visual.
É uma questão de atração física mesmo, não intelectual.
Estamos falando de sexo, não de amor (por enquanto).
Parece até que posso sentir as pedras vindo em minha
direção! Mas não precisamos ser tão críticos com uma opinião. Pessoas pouco
atraentes fisicamente certamente transam tanto quanto as pessoas gostosas. E se duvidar transam até mais! De um jeito ou de
outro, as pessoas encontram seus parceiros equivalentes e o resto é cama (sofá,
banco de carro, elevador...).
Obs. Parêntese grande e necessário:
(Não podemos desconsiderar aqui aquelas pessoas que selecionam seus parceiros por
interesses de qualquer tipo que não apenas a relação sexual, como grana,
posição social ou qualquer outra vantagem isolada do prazer oferecido pelo
sexo. Porém, preferi me limitar no lance biológico mesmo, da atração física e
equivalência natural).
Dito isso, vamos continuar...
Já que encostamos involuntariamente neste assunto, tenta
reparar como é mais fácil encontrar por aí mulheres bonitas com caras feios do
que caras bonitos com mulheres feias. Será que isso tem alguma explicação
coerente? Pensa aí! Não estamos buscando nenhum dado cientifico, apenas traços
de comportamento. Se tiver alguma pista, me avisa.
É também mais comum encontrar meninas que não reconhecem
em si o valor que naturalmente possuem para agregá-lo na escolha de seus
parceiros. E aí vem a parte triste da iniciação sexual de muitas delas.
Além de uma pobre e deturbada compreensão de si mesmas
(muitas vezes influenciada pela visão social), muitas dessas meninas carregam
consigo um histórico complicado com relação à própria sexualidade: abusos,
repressão excessiva (ou nenhuma), imagem negativa do sexo (ou positiva de
mais), enfim... Óbvio que isso há de se descarregar em algum lugar e em algum
momento. E geralmente acaba sendo na sensação
de poder sobre o próprio corpo, no início da adolescência. Essa é a sensação de
poder controlar algo que pertence somente a ela e, portanto, poder fazer dele o
que bem entender. Se tem uma coisa que as meninas descobrem muito cedo e
facilmente é que seu corpo tem valor. Isso se confirma em todo lugar, da tv às
bancas de jornais.
O que tem valor cativa poder. “Meu corpo, minhas regras” (nem sempre funciona, mas não vamos
entrar em questões muito complexas).
Com esse poder em mãos, meninas “despreocupadas demais” e
pouco seletivas correm o sério risco de entregá-lo a quem pouco é capaz de
reconhecer tal valor. Acontece. E muito.
Os motivos são variados: curiosidade, pressa, pressão do
namorado (ficante, crush, seja lá como se chama hoje), revolta (sim, meninas
revoltadas podem querer transar com qualquer um como forma de retaliação!),
competição (pois é... meninas também podem querer transar porque todas suas
amigas já transaram e ela ainda não porque
escolhe demais!). Enfim, seja lá por qual motivo, essas meninas podem ceder o corpo em uma experiência ruim,
sem nada que faça valer o valor que ela suponha ter para o ato: comum demais,
sem graça, pouco ou nenhum prazer (pra ela), rápido e dolorido.
Por não ter havido antes muito cuidado na escolha do “sortudo”, é bem provável que não haja sentimento nenhum que se possa pôr no lugar
da frustração. Já foi. Coisa desse tipo fica. Influencia ativamente as outras
transas. Na tentativa de correção desse primeiro tropeço, vem a procura de uma
nova experiência com outra pessoa (não muito diferente). Depois outro e outro e
assim até que se acumule um considerável portfólio
com variadas experiências.
Em sexo, experimentar não é mau conselho. Até porque é
também através de saber o que é ruim que se abre o espaço para a possibilidade
do bom. No entanto, o teor de cuidado e exigências nessas experiências pode ser
a garantia da satisfação de experiência futuras.
Apesar de tudo isso que rodeia o sexo, no fundo e no
final das contas o que se busca mesmo é o
prazer em seu estado mais natural possível. Mas não o prazer isolado dos
outros sentimentos que envolvem a relação física e psicológica entre duas
pessoas. A atração sexual por si só não é garantia de orgasmos múltiplos nem de
afetos intensos. Não se leva para a cama apenas corpos sedentos para se
enlaçarem visitando o interior um do outro para tirar deles o máximo de estímulos
possível. Deitamos com histórias de vida, abraçamos sensibilidades, beijamos sentimentos
complexos e penetramos em universos diferentes do nosso. E é justamente essa
troca de sensações que nos completa na transa, a capacidade de poder se
deslocar por um instante de nosso próprio eixo para adentrar a intimidade do
outro corpo com a permissão de alcançar também sua alma. É preciso um cuidado
delicado e carinhoso para se chegar tão fundo em alguém. E é preciso também um “Q” de cumplicidade para se manter lá. O
prazer que se segue após esse tipo de penetração é a certeza de ter tido a oportunidade
de explorar em si mesmo e no outro tudo aquilo que se pode oferecer como fonte
de prazer e assim, talvez quem sabe, abrir também a possibilidade para o
amor.